O novo DLC (que significa conteúdo baixável, da sigla em inglês e em tradução livre) chega tanto como parte de uma adição à história de Doom Eternal e vinculado ao jogo, quanto como uma expansão que pode ser jogada à parte, sem a compra da campanha principal. Com conteúdo que facilmente entrega uma dezena de horas, The Ancient Gods: Parte Um consegue ser ainda mais enérgico, brutal e cruel que seu jogo base, que destaca o que há de melhor nele. Contudo, alguns tropeços foram cometidos.

História expandida

Como o próprio título já diz, The Ancient Gods: Parte Um é apenas a primeira parte de um conteúdo (dividido em duas) focado em história para Doom Eternal. Apesar de poder ser jogado de forma independente ao jogo principal, é recomendado que o jogador tenha passado primeiro pela campanha lançada em março. Primeiro, para ficar por dentro da história, segundo porque o novo conteúdo não pega leve com veteranos, muito menos com iniciantes. Quem completou Doom Eternal sabe que o final do jogo não necessariamente fecha todas as pontas da história, e que seria uma questão de tempo até que precisássemos de mais um capítulo para saber o que acontece na Terra. Após a derrota do Ícone do Pecado, os demônios veem uma chance para reiniciar a invasão ao planeta e demais dimensões. Cabe ao Doom Slayer eliminar as forças demoníacas que ameaçam toda a vida da Terra. The Ancient Gods: Parte Um é dividido em três missões, cada uma com objetivos e locais próprios. Muito aconteceu no universo do jogo desde o fim de Doom Eternal, mas a profundidade à história é contada através de pergaminhos (escondidos) encontrados pelo mapa, que agora são tão ou mais importantes do que na campanha anterior.

Violento e cruel

Para o desenvolvimento de The Ancient Gods: Parte Um, a ID Software fez questão de dar uma nova proporção ao que a campanha de Doom Eternal fez de melhor: seus combates. The Ancient Gods: Parte Um já inicia colocando o jogador no meio de um combate intenso, com muitos demônios atacando de uma vez. Como de costume desde o Doom de 2016, ficar parado nunca é a solução, e aqui fica cada vez mais evidente a necessidade do jogador pensar rápido e aprender a improvisar com os recursos que tem à disposição. Após vencer a batalha, logo mais demônios aparecem e a insanidade começa tudo de novo. E assim a campanha de The Ancient Gods: Parte Um prossegue até seu fim, em uma quantidade consideravelmente mais intensa do que em Doom Eternal. Há alguns pontos em que as batalhas dão um descanso, nos quais o jogador precisa passar por seções de plataforma — também com dificuldade elevada. The Ancient Gods: Parte Um não pega leve com o jogador. O nível de dificuldade é altíssimo, mesmo para jogadores veteranos. A ideia é elevar o nível de habilidade do jogador ao máximo. Nos vários cenários do jogo, a quantidade de inimigos é sempre elevada, e demônios dos mais difíceis marcam presença. Inclusive, os inimigos de alto nível aparecem acompanhados de outros iguais e/ou de outros ainda mais difíceis. Aqui vão as primeiras críticas a The Ancient Gods: Parte Um. Dada a intenção dos desenvolvedores em testar os limites da habilidade do jogador, que frequentemente é colocado em cenários apertados e uma grande quantidade de inimigos, não raro o Doom Slayer (personagem principal do game) fica travado no mapa sem conseguir se movimentar, o que leva à inevitavelmente morte e repetição da seção. Ainda, com tantos inimigos simultâneos, inclusive vários dos mais difíceis do jogo, é comum que cada sessão de batalha dure alguns minutos — podendo até passar de 15 minutos por sessão de batalha, tudo para atravessar uma porta e começar tudo de novo. Há pouco tempo para descanso nas cerca de dez horas de jogo, e inevitavelmente o jogador cansará, principalmente no final da campanha do DLC. Para jogadores mais persistentes, ou que não se importem de dar boas pausas em suas sessões de jogatina, a campanha de The Ancient Gods: Parte Um é primorosa, contendo tudo o que foi apresentado em Doom Eternal, só que em uma escala consideravelmente maior. Novos inimigos foram incluídos ao jogo. Eles possuem características únicas, e derrotá-los é sempre muito difícil. Destaca-se um espírito que possui os corpos de outros demônios, retirando seus pontos fracos durante a posse. Adicione-os aos demônios já existentes, todos de uma vez, e o resultado será a campanha mais cruel que a franquia Doom já viu até o momento. E isso é muito bom, já que os combates de Doom Eternal estão mais refinados do que nunca.

Bugs, infelizmente

Depois de tanta dificuldade para vencer os desafios de The Ancient Gods: Parte Um, o que o jogador menos quer é que ocorra algum bug que o impeça de progredir no jogo, correto? Acontece que é exatamente isto o que aconteceu durante nossos testes. Após algumas horas dilacerando demônios, o jogo simplesmente carregou com a visão do Doom Slayer próxima ao chão, sem que fosse possível utilizar qualquer forma de ataque. O personagem era capaz apenas de andar e pular pelo cenário. Mesmo fechando e reabrindo o jogo, o carregamento fora feito da mesma maneira, e a única solução foi iniciar uma nova campanha. Em outro momento, após carregar um novo cenário, a tela do jogo ficou completamente preta, sendo necessário reiniciar o ponto de carregamento. Felizmente, desta vez não foi necessário começar uma nova campanha. Os bugs acima não ocorreram com frequência, mas não foram os únicos. Por toda a campanha de The Ancient Gods: Parte Um, foi comum ver demônios se comportando de maneira estranha — caminhando em direção à parede ou simplesmente desaparecendo. São problemas pequenos — com exceção daquele da necessidade de reiniciar a campanha —, mas que existem e são notáveis o suficiente para destacá-los em uma análise. A ID Software deve corrigi-los com atualizações futuras, mas o jogador deve estar preparado para enfrentá-los.

Doom em sua melhor forma

Uma pergunta recorrente para DLCs é se vale a pena torrar um pouco mais de dinheiro para adicionar algum conteúdo a um jogo que, normalmente, já não foi tão barato. A resposta para esta pergunta é subjetiva, já que depende da vontade e disponibilidade financeira do comprador. Mas é fácil dizer que The Ancient Gods: Parte Um oferece uma quantidade considerável de um conteúdo desafiador, que testa os limites da habilidade de quem ousa tentá-lo. Cenários bem elaborados, novas runas, novos inimigos e uma dose cavalar de crueldade por parte dos desenvolvedores fazem The Ancient Gods: Parte Um ser um conteúdo muito recomendável para quem gostou de Doom Eternal e admira jogos de ação desenfreada. Os bugs atrapalham, mas fica a expectativa de que a ID Software lance atualizações futuras que os corrijam. The Ancient Gods: Parte Um foi lançado como conteúdo adicional para PlayStation 4, Xbox One, Steam e Bethesda Store. Também sairá para Nintendo Switch, PlayStation 5 e Xbox Series S|X. Análise feita com cópia cedida pela Bethesda.

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