O evento contou com a presença ilustre de influencers da cultura Geek e correspondentes dos mais variados portais de notícia e, após a sessão, tivemos um bate-papo produtivo com a escritora brasileira e ativista do movimento negro Djamila Ribeiro e com o cineasta e jornalista estadunidense David Wilson. Quer saber mais sobre o filme que estreia 10 de novembro nos cinemas? Preparamos um review completo sem spoilers para você.

Sinopse

Dirigido por Ryan Coogler e produzido por Kevin Feige, somos levados a uma Wakanda em luto após a morte de seu rei e protetor T’Challa (Chadwick Boseman). A história gira em torno da Rainha Ramonda (Angela Bassett) e sua filha Shuri (Letitia Wright), enfrentando os dilemas de uma nação fragilizada que encontra dificuldades em iniciar um novo capítulo em sua história enquanto precisa lidar com pressões internacionais e políticas por terem exposto sua preciosa tecnologia e riquezas para o mundo. Em meio a tantos conflitos, surge Namor (Tenoch Huerta), rei de uma misteriosa civilização que vive debaixo d’água.

Dilemas

Pantera Negra 2, como vem sido chamado, carrega consigo questões complexas e talvez um pouco mais profundas do que o primeiro filme. A problemática do racismo e da representatividade aqui se mantém mais forte e o roteiro nos faz mergulhar em uma história séria e um tanto quanto sombria — uma mudança inclusive que notada em lançamentos anteriores da Marvel. Não estamos mais falando apenas de diversidade, estamos falando de política, de massacre de culturas e, principalmente, de ancestralidade. É uma história que não apenas toca na ferida, mas crava uma estaca bem funda para que a dor seja sentida.

Eurocentrismo e colonização

O que aconteceria se um país de terceiro mundo localizado em uma região marginalizada se mostrasse tão ou mais poderoso que nações europeias e os EUA? O mundo estaria pronto para essa mudança nas perspectivas de poder? O enredo faz um paralelo interessante sobre questões que já enfrentamos no mundo real: eurocentrismo, sabotagem política e, é claro, um Estados Unidos animado para se meter em questões nacionais de países estrangeiros.

Luto

A morte de Chadwick Boseman em agosto de 2020 levantou muitas questões que colocaram em cheque o destino do herói e de Wakanda no Universo Cinematográfico da Marvel. Os roteiristas sabiam bem disso e precisaram rebolar para dar um final digno para o capítulo que se iniciou com T’Challa e iniciar o próximo. Sobre esse ponto, o filme não apenas é respeitoso com o legado deixado pelo ator, como também é inteligente em introduzir uma narrativa realista sobre as fases do luto. Todos os personagens sofrem da sua maneira e é nítido na tela o quanto o sentimento é realista e tratado com delicadeza; aos poucos vamos entendendo como esse buraco vai sendo costurado ao longo da narrativa até sua conclusão.

Desenvolvimento de Personagem

O primeiro filme, é claro, foca em T’Challa — afinal, é o filme de introdução do herói — e apesar de ficarmos encantados com a nação Wakandana e todo seu povo, pouco conhecemos sobre seu dia-a-dia e temos um panorama superficial de sua cultura, somente o suficiente para nos dar uma boa imersão. O segundo filme resolve focar nos habitantes e em cada um de seus problemas, seus sentimentos e crenças, todos explorados, assim como suas visões de mundo e individualidades, afinal, são todos Wakandanos, mas nem todo Wakandano é igual.

Heróis e vilões

Aqui entra uma questão que pode ser um tanto quanto ambígua dependendo de quem assiste, já que Wakanda Para Sempre nos apresenta uma variedade interessante de vilões, que podem ser pessoas, outras nações e até mesmo sentimentos. Em algum momento é necessário escolher um lado, mas talvez o bem e o mal, o certo e o errado não sejam tão fáceis de definir, e esse talvez nem seja o objetivo. É inegável, porém, que os protagonistas precisam combater um mal em comum, um perigo eminente que talvez eles demorem para entender onde está, e é aí que a coisa fica realmente interessante.

Referências as HQs

Temos a ilustre presença do personagem Namor (Tenoch Huerta), que surgiu nas HQs da Marvel antes mesmo do Aquaman dar as caras na DC Comics. Ele é o rei de Atlântida e visto muitas vezes como incompreendido, um personagem neutro que não é do bem e nem do mal. Nos quadrinhos ele já foi aliado do Capitão América, mas é um antagonista do Pantera Negra, uma ótima escolha para trazer para as telas do cinema. O reino subaquático de Atlântida é habitado por um povo azul similar aos seres-humanos, capazes de se comunicar dentro e fora d’água e possuem força sobre-humana. Namor significa ‘filho vingativo’ no idioma Atlante, mas no UCM eles mudaram a origem do nome para ‘sem amor’. Namor é um mutante com asas nos tornozelos, força e fator de cura excepcional, algo que deixa os fãs — eu inclusa — bem empolgados, reacendendo a esperança de mais uma saga X-Men vindo aí.

Namor vs Pantera Negra

Nos quadrinhos, os personagens nutrem uma rivalidade que foi crescendo com o tempo e se intensificou. A inimizade nasceu durante a saga Vingadores vs. X-Men, nela, Namor e outros mutantes são possuídos pela força da Fênix e perseguem os Vingadores, que resolvem se esconder em Wakanda. O príncipe de Atlântida ataca o país africano e o inunda por completo, a partir daí começa um embate de vingança entre os dois onde um ataca a terra natal do outro. T’Challa, porém, sempre foi mais brando e diplomático, mas as coisas com a princesa Shuri foram diferentes. Quando ela assume o manto do Pantera, começa a investir em ataques mais severos, promovendo uma chacina em Atlântida em uma das histórias. Nas telas do cinema, as coisas não foram diferentes: o embate entre Wakanda e Atlântida é de tirar o fôlego, duas nações milenares com questões a resolver.

Boas surpresas

É uma história carregada de reviravoltas e uma tensão constante, não se sabe qual rumo ela tomará até que chegue ao final, clichês são evitados o tempo todo e até as partes óbvias agradam bastante.

Veredito

Perceba que eu não mencionei nada sobre o tão esperado sucessor do Pantera Negra, a verdade é que de longe esse é o ponto menos importante do filme, tem tanta coisa para se prestar atenção, tantos sentimentos que são entregues ao espectador que seria besteira o roteiro se preocupar e achar um ‘substituto’ o tempo todo. Por vezes você até se esquece disso. São duas horas e quarenta e dois minutos emocionantes do começo ao fim, você não enjoa, não se cansa e se sente imerso em uma narrativa profunda cheia de camadas. A Marvel está decidida a entrar com tudo nessa nova fase e estejam preparados para uma mudança drástica. O enredo no começo preocupa pela quantidade de problemáticas que vão aparecendo logo na primeira meia hora de filme, mas, no final, você tem um enredo fechado sem pontas soltas. Os personagens por vezes tomam atitudes questionáveis, sentem raiva e se desentendem o tempo todo, mas é um aspecto necessário que não se torna cansativo. Outro ponto a se ressaltar é o sentimento de gratidão que o filme exala pela figura do nosso amado T’Challa e seu inesquecível interprete Chadwick Boseman, é uma linda homenagem até nos detalhes menos importantes: ele está lá, de presença e alma e você sente a energia positiva o tempo inteiro, não tem como não se emocionar. É de longe, na minha opinião o filme mais profundo, completo e cativante da fase 4 da Marvel e sinceramente, não consigo encontrar se quer um ponto que eu não tenha sido atingida de forma positiva, só fica o aviso para preparar o coração e levar um lenço quando for assistir. Ei, Marvete! Não deixe de conferir outras notícias sobre seus heróis e vilões favoritos e me conte suas expectativas sobre o filme.

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