Para criar uma experiência completa e imersiva, o estúdio precisou reconstruir a cidade de Palmeira das Missões com todos os seus elementos do passado, mais precisamente no ano de 1914 – o povo, a ambientação e as tradições da época foram cuidadosamente recriadas, com base em muita tecnologia e curadoria histórica; Segundo Jean Campos, fundador do estúdio Romeu&Julieta e idealizador do projeto, a ideia é dar mais interatividade à história do local, um município ao norte do Rio Grande do Sul e responsável pelo cultivo de diversas tradições gaúchas – além de ser conhecida como ‘a cidade da erva mate’, também é lá que ocorre um dos maiores festivais de música tradicional do país, o Carijo da Canção Gaúcha.

História disfarçada de jogo

O destaque do projeto idealizado por Campos não está exatamente na história, embora ela seja muito rica. A grande novidade aqui é utilizar a realidade virtual para dar uma cara nova ao estudo do passado – Palmeira 1914 é praticamente um jogo: com a ajuda de um óculos VR e um par de controles, o jogador pode interagir com o ambiente e até participar de tradições. Com isso, o projeto se torna o primeiro da América Latina a unir história e interatividade nesse nível de qualidade. Mesmo com recursos limitados, o estúdio foi capaz de apresentar gráficos verossímeis, comparáveis à computação gráfica dos jogos e filmes mais recentes – para criar uma experiência realmente imersiva, os visuais precisavam ser tão realistas quanto o enredo retratado. Conheça mais sobre o processo de produção do jogo neste outro vídeo produzido pelo estúdio:

Embora o Palmeira 1914 seja único no país e um dos poucos no mundo inteiro, há tempos espera-se que, no futuro, esse tipo de conteúdo mais gráfico, como filmes e jogos, revolucionem o ensino a distância (EAD), justamente por ser mais acessível a diferentes públicos e, é claro, ser mais interativo também.

Recepção do público

A realidade virtual ainda não é tão acessível como todos gostariam, justamente por isso, o estúdio realizou uma espécie de mostra para o projeto, em cerca de 4 dias de exposição, mais de 500 pessoas, em filas de até 2h de espera, foram experienciar a história diante dos seus olhos. Ainda de acordo com Jean, a exposição serviu para mostrar como a interatividade, quando feita com muito esmero, pode realmente incitar o interesse das pessoas pela história. Sendo assim, o Palmeira 1914 não seria um produto prestes a ser lançado, mas sim um experimento sobre o impacto da realidade virtual no ensino e na dispersão de cultura para jovens, adultos e idosos. … Assim como o próprio Jean detalha em seu depoimento, não há como saber se a realidade virtual tornará o ensino interativo algo realmente revolucionário, afinal, jogos e vídeos estão aí há anos e, mesmo assim, a fonte de ensino mais democrática e eficiente continuam sendo os livros – mesmo que populados com imagens e recursos gráficos. De toda forma, não há como não se empolgar com as possibilidades dessa tecnologia e, principalmente, com os resultados atingidos pelo estúdio brasileiro. Embora o Palmeira 1914 seja um tanto restrito na cultura que aborda, é importante lembrar que se trata de um experimento e que, caso atinja as expectativas dos seus criadores, provavelmente expandirá suas temáticas, se tornando uma fonte de conhecimento ainda mais rica.    

Palmeira 1914  projeto brasileiro usa realidade virtual para ensinar hist ria - 58Palmeira 1914  projeto brasileiro usa realidade virtual para ensinar hist ria - 65