Produtos icônicos como o videocassete, filmadoras, discos blu-ray, CDs, smartphones 4G, o Xbox e até o Nintendo Entertainment System, um dos primeiros consoles da Nintendo, foram vistos em primeira mão nos corredores e palcos da feira. As empresas ganham prêmios pelos produtos apresentados e toda essa movimentação acaba ditando como será o ano em tecnologia. Por esse motivo, cada vez que se encerra outra edição, torna-se inevitável a seguinte pergunta: quais são as tendências que a CES já ditou para o resto do ano e o futuro da indústria de tecnologia e consumo? Passando desde tecnologia de ponta, dobráveis a alimentação, confira quais foram as novidades que a CES 2020 já antecipou para o futuro.

O Fim das Bordas

Como de costume, as smart TVs estiveram em peso na CES 2020, consolidando as tecnologias dos últimos anos. A resolução 8K foi muito explorada pelas fabricantes, mas o espetáculo mesmo ficou reservado a um pequeno detalhe: o fim das bordas. Isso é possível graças a evolução de tecnologias como a OLED, sendo esta desenvolvida pela LG e a Sony que permite que pequenos diodos acendam de forma autônoma, dispensando painéis traseiros de iluminação e também dando uma espessura bem menor ao aparelho, ocupando menos espaço e permitindo a criação de telas curvas ou que podem ser enroladas. A Samsung, por exemplo, apresentou a Q950 8K QLED, que tem 99% de tela e uma borda com espessura de apenas 15 milímetros – visualmente, é tão fina quanto as bordas de um celular. A tela, que se chama Infinity Screen, permite que a luz “vaze” para a parede, dando uma imersão maior ao espectador.  Outras tecnologias como a de Pontos Quânticos (que a Samsung usa em suas TVs QLED) e o MicroLED, seguem um caminho similar, ao permitir que as TVs fiquem cada vez mais finas. Com esses novos displays, o consumo de energia  chega a ser 90% menor do que as antigas TVs de LCD.  Já a Phillips também apresentou sua TV OLED 804 com bordas finíssimas e com cores que “vazam” das bordas da Smart TV, visando dar uma experiência mais imersiva ao espectador. A função é chamada de Ambilight pela empresa. E a LG retornou com a SIGNATURE OLED TV R, a única smart TV que enrola quando você não precisa dela: A Sony também divulgou a televisão Z8H que, além de possuir bordas muito pequenas, o seu som sai justamente pelas bordas da TV, parecendo que o áudio está saindo diretamente da tela.

Os Dobráveis Chegaram

Conhecidos também como foldables, os dispositivos dobráveis marcaram presença na Consumers Electronics Show em 2020, demonstrando que o segmento virou tendência. Os primeiros modelos apareceram em 2019, com lançamentos como Galaxy Fold da Samsung e a Signature OLED TV R da LG, uma TV que se enrola quando você quer guardá-la. O Samsung Galaxy Fold é o primeiro dispositivo móvel dobrável a ser comercializado no mercado internacional: Nesse ano, várias empresas resolveram experimentar a tecnologia, trazendo para a feira novos produtos dobráveis ou com duas telas, incluindo tradicionais fabricantes de notebooks como a DELL e a Lenovo. A Microsoft e a Intel também estão apresentando produtos, conceitos e soluções para que notebooks dobráveis se tornem cada vez mais populares. A provável motivação para os dispositivos dobráveis se tornarem uma tendência é a versatilidade que a tecnologia traz ao usuário, podendo transformar um smartphone em um mini-tablet, por um exemplo. Isso abre uma ampla gama de possibilidades e novas formas do usuário interagir com os dispositivos.  Este ano a Dell mostrou o Concept Ori, uma espécie de tablet dobrável, que pode ser usado inclusive em pé; e o Duet, um notebook com duas telas e teclado físico opcional. Ambos tentam expandir as possibilidades de multitarefa de PCs com Windows. Já a Lenovo apresentou o ThinkPad X1 Fold, que segundo a empresa é uma evolução dos computadores híbridos (mistura de notebook e tablet). Quem também apareceu na feira foi Surface Duo, um smartphone Android feito, pasmem, pela Microsoft. Ele tem duas telas de 5.6 polegadas e tem um aspecto de “livro”, que você abre e fecha. Totalmente aberto, ele se torna um tablet de 8,3 polegadas.  Dá para abrir aplicativos em telas separadas ou trabalhar como se o smartphone fosse um mini notebook, com uma das telas funcionando como teclado.

Autônomos por Toda Parte

Diversas empresas apresentaram seus carros autônomos, mostrando que os veículos que víamos em filmes de ficção científica estão cada vez mais próximos da realidade. Entre elas, uma nada comum neste meio: a SONY. Ela espantou ao apresentar Vision S. O modelo tem uma tela panorâmica, que cobre todo o painel, dando aquele ar super futurista. Além disso, incorpora 33 sensores internos e externos, que identificam a presença de pessoas e outros veículos. Não fazendo feio à marca, o modelo tem alto-falantes especiais nos assentos, para oferecer uma experiência sonora mais imersiva. A Hyundai gerou outra surpresa ao exibir um protótipo de táxi voador, feito em parceria com a Uber. Chamado de S-A1, ele tem capacidade para até cinco pessoas e atinge até 300 quilômetros por hora. A idéia é facilitar o transporte de passageiros, seja na terra, seja no ar. No caso da Mercedes-Benz, foi apresentado o conceito de carro elétrico autônomo chamado Vision AVTR – inspirado no filme Avatar – altamente tecnológico e sustentável. A bateria dele é feita de células orgânicas à base de grafeno, acabando com os tradicionais poluentes de baterias elétricas.  Agora, com a chegada das primeiras redes 5G, a tendência dos autônomos deve se solidificar. Com a velocidade e baixa latência dessas redes, fica ainda mais confiável a interação com sistemas automatizados de trânsito – como semáforos inteligentes – e entre os próprios veículos. Os carros poderão negociar turnos de passagem em sinais de “pare”, “conversar” com sinais de trânsito etc. 

A Inteligência das Coisas

Segundo estimativas da própria associação responsável pela CES, Consumer Technology Association, a tecnologia 5G deve estar presente em 20,2 milhões de dispositivos ao longo de todo o ano de 2020. Mas, além da integração de dispositivos eletrônicos à internet – o que a gente já está mais familiarizado e chama de IoT ou Internet das Coisas – uma nova tendência que se firma é a união de IoT com Inteligência Artificial (IA). É o que se chama de “A Inteligência das Coisas”. Diversas empresas estão apostando nisso, ao se aproveitar um mundo onde sensores estarão espalhados por dentro e fora da casa, todos conectados à internet e conversando entre si. A coleta e interpretação desses dados por sistemas de inteligência artificial vai tornar cidades mais inteligentes, permitir o melhor manejamento de recursos como água e eletricidade e, claro, tornar esses assistentes pessoais, que a gente já conhece dos smartphones, ainda mais úteis. Nessa linha, durante a CES, a Toyota anunciou o desenvolvimento de uma “cidade inteligente”, onde testará veículos autônomos, sistemas de inteligência artificial e integrará robôs ao dia a dia dos habitantes. Falando em robôs, a Samsung trouxe novamente o Bot Chef para a feira. Diferente de 2019, ele se especializou em até 35 receitas, que incluem saladas, doces e salgados, separando ingredientes automaticamente e manuseando a despensa mais próxima. Ele utiliza a técnica de aprendizado de máquina, ramo da Inteligência Artificial que pode aprender com dados, identificar padrões e tomar decisões com o mínimo de intervenção humana para aprender novas habilidades. Quem roubou a atenção de um dos dias da feira foi o Ballie, assistente pessoal da Samsung em formato de bola, que rola pela casa para controlar todos os dispositivos de IoT como luzes, TVs e sistemas de ar condicionado presentes e responder a qualquer comando do dono. Ele usa inteligência artificial para aprender os hábitos da casa.

Saúde: Sensores de Sobra

Uma forte tendência vista nos produtos exibidos durante a CES 2020 está nos dispositivos que aliam tecnologia e saúde. Por exemplo, uma startup britânica, a Exscientia, usou inteligência artificial para desenvolver uma medicação para  pacientes com transtorno obsessivo compulsivo, em tempo recorde:  doze meses. Os wearables – dispositivos vestíveis – voltados à saúde também marcaram presença. Além de ser discreto e clássico, o relógio inteligente ScanWatch, da empresa Withings, consegue avaliar batimentos cardíacos, realizar um eletrocardiograma e monitorar a qualidade do sono.  Outro relógio, o GoBe3, desenvolvido pela Healbe, consegue detectar automaticamente a quantidade de calorias que seu corpo absorve e determinar o nível de estresse baseado na leitura de sua pele. O tapete de banheiro Mateo é um exemplo criativo. Ele tem sensores que medem o peso, avaliam a postura e oferecem sugestões de exercícios corretivos para o usuário no smartphone. Basta pisar nele. Fones de ouvido desenvolvidos pela Valencell, uma das principais desenvolvedoras de tecnologia focada em saúde dos Estados Unidos, detectam a pressão sanguínea e podem ajudar no tratamento da hipertensão. Já a luminária Lexlight é destinada a pessoas com dislexia, utiliza lâmpadas de LED que pulsam em uma taxa personalizável, para que o cérebro do disléxico processe informações como se tivesse um único olho “dominante”. Desse modo, ele consegue enxergar com eficiência, não vendo letras borradas.  A maioria dessas novidades ainda estão em estágios iniciais de desenvolvimento. Mas os wearables e sensores voltados à saúde chegaram para ficar.

Tecnologia Discreta

Uma das tendências muito apreciadas da CES 2020 é o reconhecimento de que a forma é tão importante quanto a função. Fabricantes estão cada vez mais atento ao design de seus produtos e à ideia de que aparelhos tecnológicos podem se integrar com ambiente de forma harmônica e discreta. No passado, a fiação elétrica de prédios e residências evidenciava o progresso de uma região e era motivo de status. Hoje, os bairros modernos escondem a fiação em prol de um visual mais harmônico. O visual clean também foi para dentro dos ambientes, com produtos que apostam cada vez mais em tecnologias que ocultam ou estão livres de fios, além de materiais como madeira e vidro, para ocultar o aspecto “eletrônico” do produto. Um belo exemplo dessa tendência são os produtos da mui Lab, uma empresa japonesa que une expertise tecnológica e design inspirado na doutrina do Taoísmo. Em 2019, ela trouxe à CES o “Calm Design Device”, peça de madeira com um discreto display sensível ao toque, que funciona como central de controle dos eletrônicos da casa. Seu lema: fora de vista até que seja necessário, fora de vista até que seja utilizado. Esse ano, a empresa inovou mais uma vez ao criar uma peça de madeira vertical, na qual pode-se desenhar com uma caneta digital. A Family Memory Archiving System é uma espécie de pilar para desenho e registro de dados como o tamanho das crianças, mensagens e lembretes conectados à internet. Outras companhias, como a UltraSense e Sentons, usaram ondas sonoras para criar interfaces sensíveis ao toque em superfícies como plástico, metal e madeira. A tecnologia “abre portas” para os eletrônicos do futuro sem botões ou telas.

Tech Meat

A empresa Impossible Foods vem desde 2019 atraindo a atenção dos visitantes da CES. No ano passado, ela foi a sensação do movimento food tech ao lançar o Impossible Burger 2.0, primeiro hambúrguer feito de ingredientes vegetais, com sabor e até aspecto de carne bovina. Este ano, ela traz à feira o Impossible Pork, versão plant-based da carne de porco, mostrando que há um caminho cada vez mais completo para quem quer excluir ou reduzir o consumo de proteína animal na dieta. O Impossible Pork é composto por grão de soja, óleo de coco, óleo de girassol e heme, um composto especialmente desenvolvido que dá gosto aproximado da carne suína. Um produto que não deu as caras na CES 2020, mas está certamente ligado a essa tendência, é a carne de laboratório. E as primeiras versões desse tipo de produto devem chegar ao mercado ainda este ano. A startup israelense Future Meat Technologies afirma que está tentando fazer para a carne cultivada em laboratório o mesmo que a Impossible Foods fez para as “carnes” de base vegetal. Ela e diversas outras startups localizadas na Europa, Japão e Estados Unidos estão desenvolvendo tecnologias que partem do cultivo de células-tronco animais em soluções que propiciam a formação de compostos orgânicos. Os primeiros produtos devem ser lançados ainda em 2020. A Future Meat, em 2 anos, venderá “bifes” de laboratório que custarão menos de 10 dólares para cada 500 gramas de produto. A Finless, outra startup israelense, foi ainda mais longe. A empresa, que tem lema “salvar nossos oceanos”, conseguiu imprimir “carne de peixe” a partir de células tronco, na Estação Espacial Internacional. O feito foi realizado no ano passado, com auxílio de uma impressora 3D especialmente projetada para trabalhar com materiais orgânicos. As tendências para os próximos anos tem como principal foco o bem-estar aliado à tecnologia de ponta. Com a chamada Inteligência das Coisas como fonte motriz e iniciativas sustentáveis como de carnes produzidas em laboratório, o que a CES 2020 trouxe, entre outras tantas novidades, foi uma prévia de como vai se configurar a casa do futuro. Ela é inclusiva, confortável e sensitiva, e também a tendência para o futuro.

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