Aviso: spoilers a seguir!

Segundo episódio da quarta temporada de Westworld: Well Enough Alone

O segundo episódio da quarta temporada de Westworld, Well Enough Alone, faz um trabalho bem curioso e que remete bem ao que deixou a série popular nos anos anteriores: aguçar a curiosidade do espectador com mistérios e novidades usando conceitos já conhecidos, porém modificados suficientemente para gerar desconforto e novos questionamentos. O episódio começa a preparar e apresentar o que poderão ser conceitos-chave da temporada, como o parque da “Era de Ouro”, que pelo menos durante o final do episódio, através da fala de William, faz entender que a atração será algo referente aos anos 1920 dos EUA, época em que máfias eram comuns no país – algo que combinaria com a temática de parques que apareceram em outras temporadas, mas que pelo menos por hora ainda não parece ter um objetivo claro. Essa estética possivelmente gangster vintage é notável também pelo uso dos tons e cores nas cenas, que sinceramente me surpreenderam bastante. Em tons mais escuros, há brancos estourando a escuridão durante o anúncio de inauguração de William sobre o parque, além de uma trilha sonora levemente focada em jazz, mas não muito intensa ou triste, como é comum em Westworld, perfeita para mostrar talvez um dos pontos principais da temporada. Ao mesmo tempo, o novo episódio também inicia a narrativa de Maeve e Caleb na temporada, com ambos partindo em uma jornada de espionagem e culmina neles chegando em um novo parque – mesmo que acidentalmente e após introduzir problemas alcoólicos para a robô feminina.  Mas o episódio não foi só isso. Por um lado, tivemos Christina continuando sua busca por questionamentos existenciais e, como resultado, ficando ainda mais em dúvida quanto ao seu mundo, aparentemente a deixando mais próxima da insanidade – um lugar-comum em Westworld, mas que nunca deixa de ser engajante assistir.  A questão é que a real percepção do mundo de Christina pode estar se encaminhando para acontecer após várias alterações arquitetadas por Charlotte Hale; o processo pode ser mais intenso do que o passado por outros personagens em temporadas anteriores, e pode estar preparando o cenário para pontos narrativos que, talvez, choquem os espectadores – mas eu também posso estar sendo otimista demais com a direção da série e nada disso acontecer. Mas o que de mais importante podemos tirar do episódio, por mais que ele tenha sido repleto de mistérios e definições de futuros pontos narrativos da temporada, foi o plano real do Homem de Preto e de Charlotte: eles querem transformar os humanos em robôs, e tudo indica que Maeve e Caleb serão a oposição principal desse plano. E tudo isso é somente a cereja do bolo de talvez meu momento favorito de Westworld até agora: durante um jogo de golf e uma conversa com o vice-presidente dos EUA para tentar recuperar fundos para seus parques após a revolta dos hospedeiros, William acerta três buracos seguidos, levantando suspeitas do político que ele talvez seja um robô – mas que logo são ignoradas por uma demonstração de violência do antagonista, que bate no executivo com o taco de golf. Uma cena forte, inesperada, e que pinta um personagem que acompanhamos há tanto tempo em novos tons, com o vilão substituindo a vítima por um anfitrião.

Terceiro episódio da quarta temporada de Westworld: Années Folles

E o que foi tão trabalhado no segundo episódio já começa a apresentar seus frutos no próximo capítulo! Logo de cara, Années Folles já mostra que a jornada de Maeve e Caleb no novo parque não passava de uma armadilha, com uma tensa cena entre Maeve e uma das várias versões de William. Além disso, há o terror de Caleb sendo atacado pelas moscas do plano de Charlotte, deixando bem claro que a situação deles é a pior possível naquele ambiente. Ao mesmo tempo, o episódio se esforça em desenvolver ainda mais o plano citado no capítulo anterior de trocar humanos por robôs, mostrando que a situação será executada com Charlotte colocando anfitriões por todo o mundo humano e avançando cuidadosamente a história da humanidade – para quem está acostumado com outras séries ou até mesmo o próprio Westworld, isso me pegou de jeito, já que é algo sorrateiro e sem grandes megalomanias, sem massacre ou derramamento de sangue, por isso é preocupante. Ele parece algo tangível, e até o final da temporada todo o cenário pode mudar completamente. A única coisa que não tivemos acesso nesse episódio e que havia sido mostrado no anterior foi a narrativa de Christina, mas especulo que o que vimos de Bernard e Stubbs no capítulo, em especial quanto ao objetivo de modificar pontos específicos da realidade, pode ter ligação direta com a progressão da personagem planejada para a temporada. Tudo isso vai criando uma história bem mais densa, mas menos cifrada que em anos anteriores de Westworld, com os mistérios sendo importantes mas também não sendo guardados até o final da temporada – como no caso do próprio plano de Charlotte que é cada vez mais explicado.  E, embora todos os núcleos, até o momento, estejam bem separados, não consigo evitar sentir que eles parecem peças de um quebra cabeça único que está, sim, cada vez mais próximo de ser montado – uma sensação que, ao julgar por comentários de fãs no Twitter e no Reddit, é comum, e dá bons créditos aos diretores. No fim, nos cinco episódios da quarta temporada restantes, tudo pode mudar, mas nesses três atos iniciais a direção já conseguiu o mais importante: engajar os espectadores e restaurar boa parte da fadiga acumulada do seriado pós a terceira temporada. Fica a expectativa para os próximos episódios. Eles saem semanalmente aos domingos, às 22h, na HBO e HBO Max. Veja também Veja os lançamentos de julho do HBO Max! Fonte: HBO Max

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